Bateria da Unidos de Padre Miguel acumula notas altas e premiações nos últimos anos.
A autoconfiança e a experiência são alguns dos ingredientes que fazem com que o trabalho como mestre e administrador de bateria do sambista Oscar de Lima Filho, o mestre Dinho da Unidos de Padre Miguel (UPM), tenha bons resultados. Presente na escola desde 1976, iniciou sua trajetória nos desfiles em 1978 como ritmista e de lá pra cá não parou mais!
A dedicação do Mestre é completa, ele mesmo é o responsável pela aquisição dos instrumentos e afinação dos mesmos com sua equipe. O resultado disto em quatro carnavais à frente da bateria são: prêmios Samba-Net, Gato de Prata e Gente como a Gente, dois de cada além de um Estandarte de Ouro. O veterano do samba afirma que a meta é continuar batalhando com seus ritmistas para fazer sempre um bom carnaval para o público e comunidade e cita as notas conquistadas como reflexo disto:
- Hoje eu diria a eles (aos ritmistas) para continuarem o empenho e rumo aos 40 pontos. E vamos batalhar pelos prêmios SRZD e Carnavalesco que ainda nos falta! (risos). As notas são importantíssimas, mas tem que fazer um balanço dos seus desfiles. Em quatro carnavais tirei dez notas 10, quatro 9.9. e duas 9.8, é uma boa média, não?! - analisa Mestre Dinho.
Atualmente além de comandar a bateria da UPM, ele também faz parte da comissão de diretores conselheiros da agremiação. Cargos que são frutos de uma longa história escrita em 53 anos de Vila Vintém e quase 40 de Unidos de Padre Miguel, tendo passado pela diretoria da escola, ritmistas, diretor de bateria, desfilante e hoje, desde de 2012, mestre de bateria.
Uma estrada com várias histórias.
A vida carnavalesca de Oscar de L. Filho teve início em 1977 no bloco Clube do Samba, do sambista João Nogueira. Foi lá sua primeira oportunidade de conduzir uma bateria, com a ausência do mestre Wilson das Neves, Dinho assumiu a vaga e começou a carreira na função. Sua trajetória conta com passagens pela Portela, como primeiro repique de 1980 ao ano de 95; Paraíso do Tuiuti, Grande Rio, Cubango - onde foi diretor e mestre de bateria, Porto da Pedra, Acadêmicos do Sossego e Mocidade Independente, onde ainda está como diretor de bateria.
Para o trabalho na UPM, Mestre Dinho prioriza, até por política da escola, a composição de integrantes oriundos da própria comunidade Vila Vintém. Porém, isso não é a totalidade do grupo, que conta com membros que o acompanham por anos a fio e vêm dos bairros ilha do Governador, da Rocinha e até de São Paulo. Mestre Dinho também trabalhou com um grupo de shows de samba, chamado Bateria Hits e fez apresentações na Inglaterra, Alemanha e Polônia.
Um fato inesperado tomou de assalto a bateria e toda a direção da UPM em 2013. Neste carnaval, ele viria tocando um atabaque em cima de um tripé. Pois bem, a alegoria estava posicionada na concentração e o impensável aconteceu, foi furtada! Quando a escola foi puxada para a entrada na Avenida, o Mestre encontrou a peça sumida na Central do Brasil, sendo usada como carrinho para venda de cervejas. Passado o susto, tripé recuperado, redecorado pelo carnavalesco Edson Pereira e mais um carnaval memorável foi vivido.
Escolinha de bateria mirim.
Como forma de incentivar a criançada da comunidade a aprender música e conhecer o universo do samba, Mestre Dinho mantém uma escolinha de bateria mirim na quadra da Unidos. Para participar é preciso ter oito anos, boas notas na escola e se for reprovado no ano letivo, não ensaia! Quando atingem a idade para participar do grupo adulto, fazem testes e sendo aprovados, ingressam na bateria da escola. No infantil, os alunos são 100% da Comunidade e os ensaios acontecem durante todo ano, às segundas-feiras.
Colaborou com a matéria, Angélica Zago/Jornalista